CONFISSÃO
lamento pelo adeus impossível
pelos poemas não lidos
pela porta fechada
pela régua de medir os afetos
montanhas
que imaginei atravessar
e um vento que só trazia maus presságios
na travessia
as ameaças do mundo assombravam a casa
forçavam a porta
as palavras nunca tomavam seus assentos
os silêncios brigavam com as vírgulas
vulcões juvenis
um pulso que nada sustinha
o espelho que captava os olhares furtivos
os verões
as chuvas torrenciais
e tome-lhe comer livros
e as inabaláveis certezas que a conjunção dos planetas
se espichavam nas matemáticas que inventei
as certezas como pedras
e a carga das sílabas por se juntar
lamento pelo adeus impossível
João Lopes Filho
09/03/2017