SÁBADO
neste estado transitório do ser
puros sentidos
tato
se instala a saudade nesta ilha
em português posso dizer:
saudade
ouço a música do Ira
saudade
acordo com alegria
saudade
falo com os amigos
saudade
sinto o cheiro da feijoada
saudade
leio o livro do iogue
saudade
escrevo o poema
saudade
as imagens pronunciam seu nome
suave saudade
química
doce ausência
até que os olhos dêem conta
de sua chegada.
19.12.2009 10h04min sábado
Aqui estão e serão publicados meus poemas. A postagem segue uma ordem aleatória, sem hierarquia temporal ou qualquer outro critério. Os poemas não estão na sua formatação final, cabendo modificações que poderei efetuar a qualquer tempo. *****JOÃO LOPES FILHO*****// (plano de fundo: fotografia cedida por Jackson Cavalcante)
sábado, 19 de dezembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
OS DEUSES ESTÃO ENTRE NÓS
as saias giram contra o véu da noite
os cantos aceleram as vibrações cardíacas
os deuses estão entre nós
festejam
usufruem da comida
da ambiência humana
se agitam
as mulheres se agigantam
deusas negras
da dor extraem a festa
(secularmente)
sagrado e profano
festa dos sentidos
presença negra nos céus
onipresença nas terras da bahia
olgas balançam o ar
os deuses estão entre nós.
20.11.2009
as saias giram contra o véu da noite
os cantos aceleram as vibrações cardíacas
os deuses estão entre nós
festejam
usufruem da comida
da ambiência humana
se agitam
as mulheres se agigantam
deusas negras
da dor extraem a festa
(secularmente)
sagrado e profano
festa dos sentidos
presença negra nos céus
onipresença nas terras da bahia
olgas balançam o ar
os deuses estão entre nós.
20.11.2009
IMAGEM
na fotografia dos pensamentos
(dos meus)
se revela a sua imagem
na sua fotografia
aparecerá meu tom
minha alegria
minha paz
na sacada sou eu
prenhe de lembranças...
sentidos inflamados
na janela sou eu
na espera
olho atento
na fotografia é você
feliz
feliz demais
na casa sou eu
cheio de expectativas
então, chegue logo.
20.11.2009
na fotografia dos pensamentos
(dos meus)
se revela a sua imagem
na sua fotografia
aparecerá meu tom
minha alegria
minha paz
na sacada sou eu
prenhe de lembranças...
sentidos inflamados
na janela sou eu
na espera
olho atento
na fotografia é você
feliz
feliz demais
na casa sou eu
cheio de expectativas
então, chegue logo.
20.11.2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
ASSIM
vou procurar você
na minha pele
na minha barba por fazer
nas tatuagens da memória
vou procurar você
nas sombras que me seguem
na expressão dos grilos
na alegria que move a casa
vou encontrar você
no vento que traz segredos
nas buzinas à toa
nos degraus
vou encontrar você
aqui
vou encontrar você
em mim
vou encontrar você
assim
vou guardar você
aqui assim
aqui em mim
vou tatuar em você
meus resquícios
meus vícios
minhas alegrias
minhas rimas soltas
meu amor.
19.11.2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
O tempo parou por aqui
As estrelas devem estar lá fora
Desejam participar da festa
Nem sabemos mais do tempo
Nem se o sol já nasceu
Nem se choveu
Nem sabemos se há nuvens
O tempo parou por aqui
Nem precisamos de relógio
Esse desejo
Esse momento
Essa vida que nos assalta
Prolonga as horas indefinidamente
O tempo parou por aqui
Nem mensagens de celular
Nem os correios
Nem e-mails
Nos alcançam
Voamos, navegamos, mergulhamos
Nas surpresas de nós mesmos.
O tempo parou por aqui
Festa dos sentidos
Enlaces
Pura alegria
Êxtase que nem no Cirque du Soleil
Meditação
Sexo, toque, suspiros
Risos, olhares em demasia
E algo para comer
Maria Bethânia, Edith Piaf via Bibi:
Sons que visitam nosso ninho.
O tempo parou por aqui
Inútil calendário
Um amor se desenha
com flores amarelas
Entre quadros e esculturas
No meio dos livros
Assim nos invadimos sem parar.
O tempo parou por aqui.
02.11.2009
As estrelas devem estar lá fora
Desejam participar da festa
Nem sabemos mais do tempo
Nem se o sol já nasceu
Nem se choveu
Nem sabemos se há nuvens
O tempo parou por aqui
Nem precisamos de relógio
Esse desejo
Esse momento
Essa vida que nos assalta
Prolonga as horas indefinidamente
O tempo parou por aqui
Nem mensagens de celular
Nem os correios
Nem e-mails
Nos alcançam
Voamos, navegamos, mergulhamos
Nas surpresas de nós mesmos.
O tempo parou por aqui
Festa dos sentidos
Enlaces
Pura alegria
Êxtase que nem no Cirque du Soleil
Meditação
Sexo, toque, suspiros
Risos, olhares em demasia
E algo para comer
Maria Bethânia, Edith Piaf via Bibi:
Sons que visitam nosso ninho.
O tempo parou por aqui
Inútil calendário
Um amor se desenha
com flores amarelas
Entre quadros e esculturas
No meio dos livros
Assim nos invadimos sem parar.
O tempo parou por aqui.
02.11.2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
FRICÇÃO
estou a um passo do abismo
beira
fronteira
nos liames do que sentimos
desejo desvendar o seu desejo
que não decifro ainda
busca inesgotável
que não se conclui em mim
que não começa em você
silêncio na cidade
cá dentro um barulho
busca do abismo da beira
ainda decifro seus silêncios
suas ausências
sua presença cintilante
sua pele
ainda saberei de mim.
12.10.2009
domingo, 11 de outubro de 2009
LEVEZA
Você chega assim delicadamente
Gestos lânguidos
Sorriso largo com os olhos apertados
Tudo leveza
Saudando um novo dia
Não há jeito,
Tento adivinhar seus pensamentos
Nos seus silêncios ponho palavras
Deixa o seu perfume
E uma montanha de paz
Mesmo que haja algo de tristeza em seu olhar
Há no seu olhar uma procura
Um desejo
Meu desejo se alimenta e se ergue
Mansamente
Começo o dia com sua visita
Com seus sons suaves
Com sua voz suave
Com seu anel
Com sua pulseira de tornozelo
Com sua tatuagem
Com seus passos leves
Pura beleza, tentação
O poema sai assim tão sensual
Tão casual.
As horas ficam mais leves com você
O poema sai leve pra você
06.10.2009
Você chega assim delicadamente
Gestos lânguidos
Sorriso largo com os olhos apertados
Tudo leveza
Saudando um novo dia
Não há jeito,
Tento adivinhar seus pensamentos
Nos seus silêncios ponho palavras
Deixa o seu perfume
E uma montanha de paz
Mesmo que haja algo de tristeza em seu olhar
Há no seu olhar uma procura
Um desejo
Meu desejo se alimenta e se ergue
Mansamente
Começo o dia com sua visita
Com seus sons suaves
Com sua voz suave
Com seu anel
Com sua pulseira de tornozelo
Com sua tatuagem
Com seus passos leves
Pura beleza, tentação
O poema sai assim tão sensual
Tão casual.
As horas ficam mais leves com você
O poema sai leve pra você
06.10.2009
O QUE A NOITE TRAZ
Os sons da noite se fazem audíveis
A marca do relógio
O tempo da saudade de quem desconheço
Os poemas de Arnaldo Antunes
As máquinas com seus silvos repetitivos
Tudo insiste em ocupar pedaços da noite
Os sons da noite se fazem audíveis
Os relógios registram o tempo
Os relógios não marcam as marcas
Os relógios anunciam uma metáfora de existir
Os relógios interrompem o fluxo da vida
Os relógios repetem a ficção
Esta noite traz um vento desorientado
O poeta está perdido na miragem dos pontos de luz
As estrelas parecem estar no chão
A cidade vai silenciando o dia
A noite assoma plena
Quando os relógios fixam a hora de dormir
Saudade de mim
Saudade de ninguém
Saudade do futuro
Eu aguardo que eu durma e acorde
Eu me divido
Eu sonho
Eu contemplo a cidade
Parece que as estrelas estão no chão.
01.10.2009
Os sons da noite se fazem audíveis
A marca do relógio
O tempo da saudade de quem desconheço
Os poemas de Arnaldo Antunes
As máquinas com seus silvos repetitivos
Tudo insiste em ocupar pedaços da noite
Os sons da noite se fazem audíveis
Os relógios registram o tempo
Os relógios não marcam as marcas
Os relógios anunciam uma metáfora de existir
Os relógios interrompem o fluxo da vida
Os relógios repetem a ficção
Esta noite traz um vento desorientado
O poeta está perdido na miragem dos pontos de luz
As estrelas parecem estar no chão
A cidade vai silenciando o dia
A noite assoma plena
Quando os relógios fixam a hora de dormir
Saudade de mim
Saudade de ninguém
Saudade do futuro
Eu aguardo que eu durma e acorde
Eu me divido
Eu sonho
Eu contemplo a cidade
Parece que as estrelas estão no chão.
01.10.2009
PÉTALAS
As pétalas foram espalhadas na varanda
Um imenso vazio se apodera
De tudo ao redor
Quem dera as palavras pudessem ganhar vida
Quem dera
Quem dera gritar alto sem incomodar os vizinhos
Quem dera
Quem dera que as pétalas ressuscitassem flores
Acordassem flores
Quem dera alguém entrasse aqui com flores
Quem dera
Domar a fera
Ferir as dores
A cidade está em festa e luzes
Olho tudo com distância
As pétalas esperam pelos primeiros raios de sol
Outra vez acordar
Ânimo na sucessão das horas modorrentas
Enquanto as pétalas aguardam seu destino.
01.10.2009
As pétalas foram espalhadas na varanda
Um imenso vazio se apodera
De tudo ao redor
Quem dera as palavras pudessem ganhar vida
Quem dera
Quem dera gritar alto sem incomodar os vizinhos
Quem dera
Quem dera que as pétalas ressuscitassem flores
Acordassem flores
Quem dera alguém entrasse aqui com flores
Quem dera
Domar a fera
Ferir as dores
A cidade está em festa e luzes
Olho tudo com distância
As pétalas esperam pelos primeiros raios de sol
Outra vez acordar
Ânimo na sucessão das horas modorrentas
Enquanto as pétalas aguardam seu destino.
01.10.2009
TRISTE
Para Fátima Berenice
Quem disse que o poema não pode ser triste?
Quem disse
Quem disse que o poeta é triste?
Quem disse
O poema resiste
Triste
O poema existe
Em riste
O poema insiste
Triste
Quem disse que o poema é triste?
Quem disse
Quem disse que o poeta não pode ser triste?
Quem disse
Fátima, o poeta insiste
No poema triste
Porque o vazio insiste
Em riste, a dor persiste
A rima rima
Mas é triste.
01.10.2009
Quem disse
Quem disse que o poeta é triste?
Quem disse
O poema resiste
Triste
O poema existe
Em riste
O poema insiste
Triste
Quem disse que o poema é triste?
Quem disse
Quem disse que o poeta não pode ser triste?
Quem disse
Fátima, o poeta insiste
No poema triste
Porque o vazio insiste
Em riste, a dor persiste
A rima rima
Mas é triste.
01.10.2009
segunda-feira, 29 de junho de 2009
EXERCÍCIO
O papel espera as marcas
Cores
Flores vermelhas
dores
Amores voláteis
O papel aguarda o tempo
Lamentos afagos rancores
Cansaço dos dias
O papel vibra pela letra inútil
Palavras fumaça motores
Movimento
Sons noturnos
O papel está inerte
vaguidão
cores lamentos movimento
solidão
flores amores cores motores dores
o papel espera
a alegria bate à porta
a alegria bate
a alegria
a alegria bate
a alegria bate à porta
28.06.2009
João Lopes
O papel espera as marcas
Cores
Flores vermelhas
dores
Amores voláteis
O papel aguarda o tempo
Lamentos afagos rancores
Cansaço dos dias
O papel vibra pela letra inútil
Palavras fumaça motores
Movimento
Sons noturnos
O papel está inerte
vaguidão
cores lamentos movimento
solidão
flores amores cores motores dores
o papel espera
a alegria bate à porta
a alegria bate
a alegria
a alegria bate
a alegria bate à porta
28.06.2009
João Lopes
terça-feira, 16 de junho de 2009
FLUTUAÇÃO
o corpo flutua
paira sobre a cidade
torna-se uno com a vastidão
o ser flutua
o outro ausente
fala comigo
um sentimento oceânico atravessa o espaço
o corpo flutua
pensamentos fixados num objeto único
o corpo flutua
paira sobre a cidade
torna-se uno com a vastidão
o ser flutua
o outro ausente
fala comigo
um sentimento oceânico atravessa o espaço
o corpo flutua
pensamentos fixados num objeto único
o ser flutua
calmaria fúria movimento
o universo está contido na casa
espaço e tempo sem fronteiras
paixão
14.06.2009
João Lopes
sábado, 13 de junho de 2009
NOTÍCIA DO DIA
essa atmosfera é memória
o corpo sente
as marcas da pele
resquícios:
sons cheiros músicas vinho petiscos
peles em atrito
pêlos cabelos vozes
difícil acordar...
sons distantes do dia
a cidade, enfim, nos acorda
cansaço de um combate sem fim
paixão paz paixão paz prazer
trégua
os dias são outros
os dias serão outros
outros dias
outro amor
sinapses por se completar
palavras onomatopéias poesia
tênue memória
vago poema
presença ausência presença ausência
saudade
saudade
saudade
13.06.2009 12h23min
sons cheiros músicas vinho petiscos
peles em atrito
pêlos cabelos vozes
difícil acordar...
sons distantes do dia
a cidade, enfim, nos acorda
cansaço de um combate sem fim
paixão paz paixão paz prazer
trégua
os dias são outros
os dias serão outros
outros dias
outro amor
sinapses por se completar
palavras onomatopéias poesia
tênue memória
vago poema
presença ausência presença ausência
saudade
saudade
saudade
13.06.2009 12h23min
quinta-feira, 11 de junho de 2009
AMANHECERES
Amanhece
A espera incide
Com os primeiros sinais de sol
A pele evoca a memória
Palavras
Carência de palavras
A memória do ontem aflora na superfície
“Memória da pele”
Teu nome é alegria
Humor paixão
A pele lembra
cheiros sons carinhos
chamas abraços interjeições
Amanhece
O dia começa com a voz
A voz insiste no dia
Os amanheceres são felizes
Os amanheceres
Serão muitos
A memória da minha pele
Na sua pele
Nem se importa com a colisão entre Vênus e a Terra
Amanhã, de novo, novo amanhecer
Palavras pele cheiros sons
Esta é a crônica da sucessão destes dias
Memórias realimentadas todo dia
Você chega com o sol
Nesses amanheceres felizes.
11.06.2009
A espera incide
Com os primeiros sinais de sol
A pele evoca a memória
Palavras
Carência de palavras
A memória do ontem aflora na superfície
“Memória da pele”
Teu nome é alegria
Humor paixão
A pele lembra
cheiros sons carinhos
chamas abraços interjeições
Amanhece
O dia começa com a voz
A voz insiste no dia
Os amanheceres são felizes
Os amanheceres
Serão muitos
A memória da minha pele
Na sua pele
Nem se importa com a colisão entre Vênus e a Terra
Amanhã, de novo, novo amanhecer
Palavras pele cheiros sons
Esta é a crônica da sucessão destes dias
Memórias realimentadas todo dia
Você chega com o sol
Nesses amanheceres felizes.
11.06.2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
FOTOSSÍNTESE
Quero o sol na minha cabeça
Então regurgitarei todas as palavras
Fórmulas
Modas
O mundo nem se lembrará da explosão
Da gênese
Síntese de todas as belezas
Quero o esconderijo do quarto
voltar pra casa
Sacudir a poeira
Kafka que me perdoe
Mas o inseto não sou eu
Sou cores prismáticas
Nas alamedas caóticas
trânsito bárbaro
dinheiro que rola nas ruas
dinheiro que move a política
metáforas
síntese das plantas
O sol nas plantas
Fotossíntese.
23.09.2007
Quero o sol na minha cabeça
Então regurgitarei todas as palavras
Fórmulas
Modas
O mundo nem se lembrará da explosão
Da gênese
Síntese de todas as belezas
Quero o esconderijo do quarto
voltar pra casa
Sacudir a poeira
Kafka que me perdoe
Mas o inseto não sou eu
Sou cores prismáticas
Nas alamedas caóticas
trânsito bárbaro
dinheiro que rola nas ruas
dinheiro que move a política
metáforas
síntese das plantas
O sol nas plantas
Fotossíntese.
23.09.2007
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
BAGDÁ
um papel em branco
é sempre uma tentação
uma fuga
um vazio
meros traços
palavras sem fundo
tomam conta da alma
da aura
da água
das marés
o mundo é composto de palavras
tento na rima fácil subverter
os hermetismos
(iconoclasta)
enquanto as bombas invasoras americanas
destroem a esperança no Oriente Médio.
04.05.2004
um papel em branco
é sempre uma tentação
uma fuga
um vazio
meros traços
palavras sem fundo
tomam conta da alma
da aura
da água
das marés
o mundo é composto de palavras
tento na rima fácil subverter
os hermetismos
(iconoclasta)
enquanto as bombas invasoras americanas
destroem a esperança no Oriente Médio.
04.05.2004
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
O MAL-ESTAR
vultos amarelos ao longe
são luzes, faróis
na longa estrada
que nunca cessa o movimento
a natureza impera
nos sons da noite
os sentidos plenos
a todo vapor
desafiam os costumes
o mal-estar se instala
a natureza derrota a cultura
ou mescla-se com ela
num ponto qualquer
da via de passagem
para lugar nenhum
para qualquer lugar
2005
vultos amarelos ao longe
são luzes, faróis
na longa estrada
que nunca cessa o movimento
a natureza impera
nos sons da noite
os sentidos plenos
a todo vapor
desafiam os costumes
o mal-estar se instala
a natureza derrota a cultura
ou mescla-se com ela
num ponto qualquer
da via de passagem
para lugar nenhum
para qualquer lugar
2005
REFLEXOS
Reflexos da minha imagem
No vidro da mesa
Contra um colo
Reproduzem meu rosto em sombras
Sem contornos
Sem lmites
Indefinido
A aura paira boiando sobre o vidro
Acima da tinta e do papel
O sentido se esvai
A alma se estilhaça
Enquanto se reconstrói
A palma da mão
O destino contém
A palma é o passado
Se refletindo no futuro.
14.12.1997
Reflexos da minha imagem
No vidro da mesa
Contra um colo
Reproduzem meu rosto em sombras
Sem contornos
Sem lmites
Indefinido
A aura paira boiando sobre o vidro
Acima da tinta e do papel
O sentido se esvai
A alma se estilhaça
Enquanto se reconstrói
A palma da mão
O destino contém
A palma é o passado
Se refletindo no futuro.
14.12.1997
domingo, 25 de janeiro de 2009
MOVIMENTO II
Enquanto a prata colore meus cabelos
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera, volátil
Está escrito nas faces:
O amor é demodée.
26.01.2003
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera, volátil
Está escrito nas faces:
O amor é demodée.
26.01.2003
sábado, 24 de janeiro de 2009
SUTILEZAS
O tormento das horas
Chega com a tarde
Com o sol a se por
Com a noite entrando pela janela
Na confusa mistura entre noite e dia
A palavra treme
Vem rasgando a garganta
Até converter-se em bálsamo
Que aplaca a sede da alma
A alma plana
A alma anda
A alma arfante
Exulta de alegria e liberdade
Brincando com as correntes
Que insistimos em não ver.
05.05.2004
ABRAÇO
Num único abraço
celebrar a vida.
Abraçar o universo
em lilases,
róseos,
plúmbeos também.
Aspergir música
na garganta do vulcão.
16.l0.97
celebrar a vida.
Abraçar o universo
em lilases,
róseos,
plúmbeos também.
Aspergir música
na garganta do vulcão.
16.l0.97
VERDADE
Corro em direção ao espaço infindo
os pés não marcam o chão
A água cai sobre a cabeça
Enquanto tudo dorme
Enquanto sonho
Enquanto beijo o chão
Quanto tempo há até que tudo se desintegre
E a verdade, algum fragmento,
Seja vislumbrada por nossas cegueiras?
Enfim, andemos!
Mas, quantos sóis passarão ainda?
26.01.2003
os pés não marcam o chão
A água cai sobre a cabeça
Enquanto tudo dorme
Enquanto sonho
Enquanto beijo o chão
Quanto tempo há até que tudo se desintegre
E a verdade, algum fragmento,
Seja vislumbrada por nossas cegueiras?
Enfim, andemos!
Mas, quantos sóis passarão ainda?
26.01.2003
HORIZONTE LOGO ALI
Você dá sinais de que o horizonte é logo ali
Idas e vindas do vento,
Como as nuvens que se ajuntam,
Assim são seus passos.
As entrelinhas revelam
O que sua face confirma.
O horizonte é logo ali
Logo ali
nuvens e vento
Calmaria, perigo, enfim.
Assim a dúvida se instala lentamente.
24.12.2002
ACASO
Na escritura do verso
me devolvo um eu repartido,
recortado.
A fixidez transmuta-se volátil
através da porta escancarada
que suga as fronteiras.
Sem território,
desconhecendo o lugar dos limites,
atenho-me
a míseras aventuras.
O acaso faz seu império.
02.02.98
RUMOR
Mora ao longe um rumor
Que abala a flor
A flor move o mundo
Mora aqui
A flor da vida
Eterno conhecer
Até descobrir o ignorar.
27.07.2005
Que abala a flor
A flor move o mundo
Mora aqui
A flor da vida
Eterno conhecer
Até descobrir o ignorar.
27.07.2005
O LIMO E AS PEDRAS
O limo e as pedras
imóveis na bica
transparecem a aparente imobilidade
causada pela ausência de suor humano
Nada os move,
exceto o vento escasso
nesta tarde invernal.
2002
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
DANÇA DO TEMPO
Estes obscuros objetos de cena
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
NÓ
O corpo transita
trespassado pela inquietação.
pela pergunta
interrogações demais
vazios
pouco tempo
pouco tempo
para respostas.
31.07.1999
trespassado pela inquietação.
pela pergunta
interrogações demais
vazios
pouco tempo
pouco tempo
para respostas.
31.07.1999
SAMBISTAS
Abram suas mentes
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
CONSTATAÇÃO
Passos e passos
nossos rumos iguais
se perdem.
Poses,
vislumbres de luz
em algum ponto incerto
nossos rumos iguais
se perdem.
Poses,
vislumbres de luz
em algum ponto incerto
Ouço vozes
nos gestos das águas
no sorriso das naturezas-mortas
As fotografias
exalam o cheiro
do profundo inacabado
tempo interior.
09.05.1986
nos gestos das águas
no sorriso das naturezas-mortas
As fotografias
exalam o cheiro
do profundo inacabado
tempo interior.
09.05.1986
NOTURNO
na esquina da rua
no cruzamento de vias
eis um gato
que não diz nada
porque não há perguntas.
há luz
que agora vibra
e o gato olha pro céu
talvez lamente
a solidão da noite
as horas andam rápidas...
talvez festeje a liberdade
a suprema atitude
de vagar pelas noites
e amar nos telhados.
05.11.1985
no cruzamento de vias
eis um gato
que não diz nada
porque não há perguntas.
há luz
que agora vibra
e o gato olha pro céu
talvez lamente
a solidão da noite
as horas andam rápidas...
talvez festeje a liberdade
a suprema atitude
de vagar pelas noites
e amar nos telhados.
05.11.1985
NOTÍCIA
Te espero
nunca te vejo
te ouço
por outras bocas
tu vibras
através das cordas vocais
do pássaro que passa.
04.03.85
nunca te vejo
te ouço
por outras bocas
tu vibras
através das cordas vocais
do pássaro que passa.
04.03.85
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
FALSO
Tudo parece falso
entre brilhos e perfumes
a troca de olhares,
os cheiros,
a fumaça,
a música,
a louça.
Tudo parece falso
tão pouco profundo,
uma inflação de gestos inúteis,
uma sucessão de passantes.
Tudo parece falso
Tudo parece nada
Tudo é nada
Tudo falso.
entre brilhos e perfumes
a troca de olhares,
os cheiros,
a fumaça,
a música,
a louça.
Tudo parece falso
tão pouco profundo,
uma inflação de gestos inúteis,
uma sucessão de passantes.
Tudo parece falso
Tudo parece nada
Tudo é nada
Tudo falso.
PASSOS
ensaio passos
que não dou
no tempo estabelecido
depois aprendo
que não há tempo
que não dou
no tempo estabelecido
depois aprendo
que não há tempo
nem espaço
então, disfarço
e me desfaço.
16.04.1994
então, disfarço
e me desfaço.
16.04.1994
ACONTECIMENTO
De repente
murcham as flores
e saímos loucos pelas ruas
em busca
do elo perdido
perdidos
na fumaça.
murcham as flores
e saímos loucos pelas ruas
em busca
do elo perdido
perdidos
na fumaça.
MÁGICAS
A ereção
a íris sã
e o bolero de Satã.
Mágicas que faço
no espelho
só para ensaiar
as nossas horas vãs.
24.01.1987
a íris sã
e o bolero de Satã.
Mágicas que faço
no espelho
só para ensaiar
as nossas horas vãs.
24.01.1987
ACORDAR
Lúcido alvorecer
De um novo dia
Quando o remo foge
A lua esconde-se
E o mar ao longe
Desconecta as profundezas abissais da mente.
2002
De um novo dia
Quando o remo foge
A lua esconde-se
E o mar ao longe
Desconecta as profundezas abissais da mente.
2002
O TEMPO DANÇA
Estes obscuros objetos de cena
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
BAGAGEM
Cada dia
diferente há de ser
Mesmo que tudo se repita
na bagagem que carregamos
na bagagem que esquecemos.
23.12.1984
diferente há de ser
Mesmo que tudo se repita
na bagagem que carregamos
na bagagem que esquecemos.
23.12.1984
ELETRODOMÉSTICO
Brota uma palavra
Nua
Qualquer
Quase tudo
Quase nada
A onda tenebrosa
Dissipou-se
Enquanto nos alegramos
Com as fantasias
Da máquina de inércia
Que nos filtra um mundo
Que nos tira os mundos
Que constrói o nosso mundo.
27.07.2006
Nua
Qualquer
Quase tudo
Quase nada
A onda tenebrosa
Dissipou-se
Enquanto nos alegramos
Com as fantasias
Da máquina de inércia
Que nos filtra um mundo
Que nos tira os mundos
Que constrói o nosso mundo.
27.07.2006
domingo, 18 de janeiro de 2009
INTRODUÇÃO
(...) certamente o homem
está fora de órbita
ou em órbita
em torno de si mesmo
apenas...
09/12/86
BRUMAS
Brumas
O pensamento atordoado
Cipoais de ilusões
Sinto, o medo vem à tona
Falta
Das teorias que explicam tudo
Da explicação cabal do mundo.
COTIDIANO II
Tanta fúria
se é preciso
só prazer.
Tanto grito
se é mesmo
só amar.
Assim vivemos
e morremos
diariamente.
22.07.1984
se é preciso
só prazer.
Tanto grito
se é mesmo
só amar.
Assim vivemos
e morremos
diariamente.
22.07.1984
AS FLORES AMARELAS
as flores amarelas que cristina trouxe
iluminaram o meu coração
as meninas e os meninos, com suas palmas
curaram dores e mágoas
flores
cores
o amarelo, o amarelo, o amarelo
o amarelo das flores
as flores amarelas de cristina
lavaram a minha alma
outras almas foram lavadas junto
a alma das flores fez minhas pernas perderem o prumo
o coração disparou
com as flores de cristina
amarelas como o sol
flores amarelas dos leoninos
flores para joão, o menino
meninos e meninas numa apoteose de sons
das palmas das mãos num choque ritmado
lavaram minha alma
rito de passagem
ritual coletivo, tribal
para exorcizar dores e mágoas
afirmando cores, nuances, idéias, crenças
cristina, a menina que trouxe consigo
as outras meninas e os meninos
cristina e o mel das palavras
lançando as asas que continuarão comigo
viva cristina,
viva os meninos e as meninas
e assim sigo vivendo
confirmando os caminhos, os propósitos
na ressaca da emoção
cristina, as meninas e os meninos de pé
pela educação
que merece carinho e cuidado
viva Cristina
viva as meninas
viva os meninos.
02.02.2007
iluminaram o meu coração
as meninas e os meninos, com suas palmas
curaram dores e mágoas
flores
cores
o amarelo, o amarelo, o amarelo
o amarelo das flores
as flores amarelas de cristina
lavaram a minha alma
outras almas foram lavadas junto
a alma das flores fez minhas pernas perderem o prumo
o coração disparou
com as flores de cristina
amarelas como o sol
flores amarelas dos leoninos
flores para joão, o menino
meninos e meninas numa apoteose de sons
das palmas das mãos num choque ritmado
lavaram minha alma
rito de passagem
ritual coletivo, tribal
para exorcizar dores e mágoas
afirmando cores, nuances, idéias, crenças
cristina, a menina que trouxe consigo
as outras meninas e os meninos
cristina e o mel das palavras
lançando as asas que continuarão comigo
viva cristina,
viva os meninos e as meninas
e assim sigo vivendo
confirmando os caminhos, os propósitos
na ressaca da emoção
cristina, as meninas e os meninos de pé
pela educação
que merece carinho e cuidado
viva Cristina
viva as meninas
viva os meninos.
02.02.2007
AÉREO
Sinto a vertigem do trânsito dos carros
E dos pensamentos
Reviravoltas, ondas, marés
Uma moda nos bafeja
Outra moda acena do horizonte
O universo dos carros causa vertigem
O pensamento
a sucessão de pensamentos
Um universo à parte
Carros,
Pensamentos,
Movimentos paralelos,
E o mundo continua inexplicável.
23.08.2007
E dos pensamentos
Reviravoltas, ondas, marés
Uma moda nos bafeja
Outra moda acena do horizonte
O universo dos carros causa vertigem
O pensamento
a sucessão de pensamentos
Um universo à parte
Carros,
Pensamentos,
Movimentos paralelos,
E o mundo continua inexplicável.
23.08.2007
A POEIRA DAS ESTRELAS
A poeira das estrelas
Ai de nós!
impulsiona um destino
Que não sabemos a causa
Nem o depois
O destino tece
Nos tece
Elastece
E prolonga o drama da existência.
25.02.2007
Ai de nós!
impulsiona um destino
Que não sabemos a causa
Nem o depois
O destino tece
Nos tece
Elastece
E prolonga o drama da existência.
25.02.2007
DESEJO
Avanço na rede
À espera de ser fisgado
Nestes dias quentes
na rede me lanço inutilmente
toque
tique
truque
a lembrança daquilo que não é memória
inscreve-se na minha pele
as músicas epidêmicas que inundam o ar
beijam-me no calor deste dia tórrido
nestes trópicos nordestinos
um pouco aquém do mar
mas quase lá
antes que o coração dispare a voar.
26.01.2003
À espera de ser fisgado
Nestes dias quentes
na rede me lanço inutilmente
toque
tique
truque
a lembrança daquilo que não é memória
inscreve-se na minha pele
as músicas epidêmicas que inundam o ar
beijam-me no calor deste dia tórrido
nestes trópicos nordestinos
um pouco aquém do mar
mas quase lá
antes que o coração dispare a voar.
26.01.2003
ABALO
A fala abala
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
FACA
A faca
farsa
Faça a diferença emergir
no limbo das explanações
no evaporar das máscaras.
farsa
Faça a diferença emergir
no limbo das explanações
no evaporar das máscaras.
Adelante!
04.05.97
04.05.97
sábado, 17 de janeiro de 2009
PALAVRAS
Persigo a palavra
da qual não me liberto-
ela que não se deixa enclausurar.
Daqui por diante
quero apenas palavras!
Quero dobrá-las,
contorcê-las,
fazê-las significarem.
Atarei as palavras aos objetos.
O concreto,
o ideal,
a emersão do eu unificado dar-se-á.
Que doce exercício inútil
só comparável à poesia.
Perseguem-me as palavras,
quando penso que as possuo.
09.03.97.
TEMPO
Corro em direção ao espaço infindo
os pés não marcam o chão
A água cai sobre a cabeça
Enquanto tudo dorme
Enquanto sonho
Enquanto beijo o chão
Quanto tempo há até que tudo se desintegre
E a verdade, algum fragmento,
Seja vislumbrada por nossas cegueiras?
Enfim, andemos!
Mas, quantos sóis passarão ainda?
26.01.2003
SAMBISTAS
Abram suas mentes
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
O MENINO E O CACHORRO
Através da janela filtro o mundo
O menino e o cachorro seguem sua rotina
O cachorro caminha soberano
Marca território na rua alheia
Pára
Cheira
Mija
O menino atende todos os caprichos do cachorro
O menino parece em paz
O cachorro sente-se livre
Qual a liberdade que é permitida ao cachorro?
Será livre o menino?
Seguem o menino e o cachorro numa união feliz
O menino é paciente
Menino e cachorro seguem sua rotina feliz
Alheios ao mundo na rua alheia.
31/09/2007
O menino e o cachorro seguem sua rotina
O cachorro caminha soberano
Marca território na rua alheia
Pára
Cheira
Mija
O menino atende todos os caprichos do cachorro
O menino parece em paz
O cachorro sente-se livre
Qual a liberdade que é permitida ao cachorro?
Será livre o menino?
Seguem o menino e o cachorro numa união feliz
O menino é paciente
Menino e cachorro seguem sua rotina feliz
Alheios ao mundo na rua alheia.
31/09/2007
PÁSSARO
O fôlego me falta
Ante a avidez das palavras;
Elas me inoculam veneno,
Revolvem as minhas vísceras.
A falta não são palavras:
A gramática subjuga-se:
A pontuação vira louca furiosa.
Cada passo não passa de um passo
Pássaro que sou.
11.06.1998
Ante a avidez das palavras;
Elas me inoculam veneno,
Revolvem as minhas vísceras.
A falta não são palavras:
A gramática subjuga-se:
A pontuação vira louca furiosa.
Cada passo não passa de um passo
Pássaro que sou.
11.06.1998
SEM TÍTULO II
Nada
O tormento das horas
Chega com a tarde
Com o sol a se por
Com a noite entrando pela janela
Na confusa mistura entre noite e dia
A palavra treme
Vem rasgando a garganta
Até converter-se em bálsamo
Que aplaca a sede da alma
A alma plana
A alma anda
A alma arfante
Exulta de alegria e liberdade
Brincando com as correntes
Que insistimos em não ver.
05.05.2004
O tormento das horas
Chega com a tarde
Com o sol a se por
Com a noite entrando pela janela
Na confusa mistura entre noite e dia
A palavra treme
Vem rasgando a garganta
Até converter-se em bálsamo
Que aplaca a sede da alma
A alma plana
A alma anda
A alma arfante
Exulta de alegria e liberdade
Brincando com as correntes
Que insistimos em não ver.
05.05.2004
FANTASMAS
Levo os fantasmas ambulantes
Onde quer que vá
Energias remotas
Inerciais
Abrangem o tempo
Sem medida do estar
Histórias atávicas lançam-se no vento
Bafejando meu sono
A luz que vejo através dos buracos na parede
Vem domesticada
Sob medida
Geométrica.
JANELA
Forças cegas,
Impalpáveis,
Barram o espírito de vida,
a pulsão erótica.
Através da janela,
algo distante do tempo
é evocado.
Através da janela,
descortina-se uma fala
constrangida
em confessar.
Através da janela
o existir destroça-se
num suicídio diário,
entorpecido pela aurora.
Através da janela,
olhando a paisagem,
tudo parece igual
e não é.
Através da janela
o nada não aparece,
apenas o vazio de quem olha.
25.01.97.
Impalpáveis,
Barram o espírito de vida,
a pulsão erótica.
Através da janela,
algo distante do tempo
é evocado.
Através da janela,
descortina-se uma fala
constrangida
em confessar.
Através da janela
o existir destroça-se
num suicídio diário,
entorpecido pela aurora.
Através da janela,
olhando a paisagem,
tudo parece igual
e não é.
Através da janela
o nada não aparece,
apenas o vazio de quem olha.
25.01.97.
ENGRENAGEM
Tanta aridez
Que já nem prestamos atenção
Às horas.
Tomamos milhões de Coca-cola
Para fazer o mundo se reproduzir.
A engrenagem assoberba tudo.
E eu nem tenho tempo de molhar as plantas.
09.08.97
Que já nem prestamos atenção
Às horas.
Tomamos milhões de Coca-cola
Para fazer o mundo se reproduzir.
A engrenagem assoberba tudo.
E eu nem tenho tempo de molhar as plantas.
09.08.97
EMERSÃO
Levantem as armas
Cuspam a fúria
Arremessem torrentes de lavas incandecentes
Sobre a cidade hipócrita,
Sobre o consenso artificial.
Os copos vão tremeluzir,
O fogo desenhará esculturas,
Os eus virtualizados farão acrobacias.
E então, não soarão cânticos entoados
Com o claro desejo de desafinar?
não existirão cristos nestas pedras.
tudo se dissolverá
Os animais tomaram os corpos dóceis,
A fúria deletou as estátuas
Todos os pretéritos,
Todos os presentes,
Todos os futuros
Tudo em torrentes
Tudo agora.
Enquanto uma lágrima corre sutil
Entre a alegria e a dor.
30.05.98
Cuspam a fúria
Arremessem torrentes de lavas incandecentes
Sobre a cidade hipócrita,
Sobre o consenso artificial.
Os copos vão tremeluzir,
O fogo desenhará esculturas,
Os eus virtualizados farão acrobacias.
E então, não soarão cânticos entoados
Com o claro desejo de desafinar?
não existirão cristos nestas pedras.
tudo se dissolverá
Os animais tomaram os corpos dóceis,
A fúria deletou as estátuas
Todos os pretéritos,
Todos os presentes,
Todos os futuros
Tudo em torrentes
Tudo agora.
Enquanto uma lágrima corre sutil
Entre a alegria e a dor.
30.05.98
DANÇA
dança das palavras
síntese
signos proliferam
no horizonte e em todo lugar,
todo corpo
na eventualidade dos passos.
Ella Fitzgerald na dança dos fonemas
ela nos dança
enquanto as palavras nos enlaçam
cores
texto
fugacidade veloz
gritos
sussurros
sombras do existir
à tona na intuição das horas
a reverberar interrogações.
31.05.2003
síntese
signos proliferam
no horizonte e em todo lugar,
todo corpo
na eventualidade dos passos.
Ella Fitzgerald na dança dos fonemas
ela nos dança
enquanto as palavras nos enlaçam
cores
texto
fugacidade veloz
gritos
sussurros
sombras do existir
à tona na intuição das horas
a reverberar interrogações.
31.05.2003
ASAS
Antes que me tornasse o que não sou
Criei asas
Antes que morresse a poesia
Criei asas
Antes que falta de imaginação imperasse
Criei asas
Antes que o rio secasse
Criei asas
Antes que o amor virasse um contrato
Criei asas
Antes que o riso cessasse
Criei asas
Criei asas
Antes que morresse a poesia
Criei asas
Antes que falta de imaginação imperasse
Criei asas
Antes que o rio secasse
Criei asas
Antes que o amor virasse um contrato
Criei asas
Antes que o riso cessasse
Criei asas
Antes que o mundo se torne impossível
Criemos asas
Voemos
Vamos fermentar a imaginação.
03/02/2007
FROGODÔ
Para Lozinha
frogodô é festa
alegria
pulsação
bebida, comida, amor
filigranas do existir
frogodô é beijo
carinho, atenção
dona ló falou que aqui vai ter um frogodô
porque a dor é momento
a vida é mais
a vida é celebrar a vida
frogodô
dona ló faz a festa da vida
porque frogodô é leveza
compreensão, tolerância
frogodô é festa boa
festa dos bons
festa do coração.
Mimo, presente
Carinho
Carícia
Música
Dança
Animação
Sentidos, olhares, roupas
Movimento, movimentação
Frogodô é união
Fofoca, contemplação
Carne e espírito sem separação.
15.05.2007
frogodô é festa
alegria
pulsação
bebida, comida, amor
filigranas do existir
frogodô é beijo
carinho, atenção
dona ló falou que aqui vai ter um frogodô
porque a dor é momento
a vida é mais
a vida é celebrar a vida
frogodô
dona ló faz a festa da vida
porque frogodô é leveza
compreensão, tolerância
frogodô é festa boa
festa dos bons
festa do coração.
Mimo, presente
Carinho
Carícia
Música
Dança
Animação
Sentidos, olhares, roupas
Movimento, movimentação
Frogodô é união
Fofoca, contemplação
Carne e espírito sem separação.
15.05.2007
MEMÓRIA
A memória
Inescrupulosa que é
Faz emergir um corpo
A imagem da pessoa que ri sem motivo
Enigma
Fantasias em ebulição
Pequenos clarões na selva da cidade.
14.05.2006
Inescrupulosa que é
Faz emergir um corpo
A imagem da pessoa que ri sem motivo
Enigma
Fantasias em ebulição
Pequenos clarões na selva da cidade.
14.05.2006
QUAISQUER
as redes atravessam meu corpo
as redes fazem-me peixe
as redes prendem o meu cérebro
as redes enlatam meu prazer
as redes bifurcam a existência
as redes arregimentam a sede
e as cores
e as cores
e as cores
flores mortas e vulcânicas
flores cores redes
vivo em 1998
e morro em qualquer ano
desmandos da imagem
desanda a imaginação
dez águas contaminadas arrastam
deixe estes grafitis exibindo-se nos muros
deixe estes grafitis colados na sua alma
deixe estes grafitis como mensagens para qualquer
fazer qualquer
quaisquer que sejam as cores com as quais você me seduz.
30.05.98
as redes fazem-me peixe
as redes prendem o meu cérebro
as redes enlatam meu prazer
as redes bifurcam a existência
as redes arregimentam a sede
e as cores
e as cores
e as cores
flores mortas e vulcânicas
flores cores redes
vivo em 1998
e morro em qualquer ano
desmandos da imagem
desanda a imaginação
dez águas contaminadas arrastam
deixe estes grafitis exibindo-se nos muros
deixe estes grafitis colados na sua alma
deixe estes grafitis como mensagens para qualquer
fazer qualquer
quaisquer que sejam as cores com as quais você me seduz.
30.05.98
O MUNDO
De repente,
o tempo perde o relógio.
Libertado das engrenagens,
Virtualiza tudo ao redor.
Um anjo anuncia a obviedade:
O mundo acabou!
Interrogo:
Por acaso, existiu alguma vez
O mundo?
10.08.96
o tempo perde o relógio.
Libertado das engrenagens,
Virtualiza tudo ao redor.
Um anjo anuncia a obviedade:
O mundo acabou!
Interrogo:
Por acaso, existiu alguma vez
O mundo?
10.08.96
FLUIDEZ
Na escritura do verso
me devolvo um eu repartido,
recortado.
A fixidez se liquidifica
através da porta escancarada
que suga as fronteiras.
Sem território,
ignoro o lugar dos limites,
me atenho a míseras aventuras.
O acaso agora faz seu império.
02.02.98
me devolvo um eu repartido,
recortado.
A fixidez se liquidifica
através da porta escancarada
que suga as fronteiras.
Sem território,
ignoro o lugar dos limites,
me atenho a míseras aventuras.
O acaso agora faz seu império.
02.02.98
MOVIMENTO
Enquanto a prata colore meus cabelos
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera volátil
O romantismo esmaece.
26.01.2003
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera volátil
O romantismo esmaece.
26.01.2003
HELICÓPTEROS
Helicópteros vagueiam na brancura do dia,
As aves caçam seu lanche entre os dejetos.
Um risco no ar anuncia
Uma palavra que nunca foi dita,
Uma palavra que farfalha.
Helicópteros.
O equilíbrio que nunca houve
Nos fala,
Nos falta.
As aves caçam seu lanche entre os dejetos.
Um risco no ar anuncia
Uma palavra que nunca foi dita,
Uma palavra que farfalha.
Helicópteros.
O equilíbrio que nunca houve
Nos fala,
Nos falta.
30.01.98
ESTRELAS
Interroguei as estrelas,
Mas quando abri os olhos
Já não havia mais estrelas.
Estrelas são lembranças,
Marcas da fugacidade
Do existir das estrelas
estrelas são objetos pretéritos,
transitoriedade luminosa,
Uma explosão
A nos iludir.
29.05.97.
Mas quando abri os olhos
Já não havia mais estrelas.
Estrelas são lembranças,
Marcas da fugacidade
Do existir das estrelas
estrelas são objetos pretéritos,
transitoriedade luminosa,
Uma explosão
A nos iludir.
29.05.97.
OBSCUROS OBJETOS
Estes obscuros objetos de cena
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
ABALO
A fala abala
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
DIVÃ
Minha alma plana
sobre as superfícies lisas
sem palavras marcadas pelas ausências.
Minha alma plana
cheia de faltas
botões desligados
indo no vácuo.
A alma palma da mão
inscreve-se no futuro
a demandar expectativas.
Mensagens cifradas
vagando sobre um sofá
a ganhar sentido.
No entanto,
minha alma navega.
11.10.1997
sobre as superfícies lisas
sem palavras marcadas pelas ausências.
Minha alma plana
cheia de faltas
botões desligados
indo no vácuo.
A alma palma da mão
inscreve-se no futuro
a demandar expectativas.
Mensagens cifradas
vagando sobre um sofá
a ganhar sentido.
No entanto,
minha alma navega.
11.10.1997
DISSOLUÇÃO
Relógios não me faltam
Mas o tempo enloquece
Chuva ou faz sol
Relógios anunciam
alucinados
que o tempo acabou
Mas o tempo enloquece
Chuva ou faz sol
Relógios anunciam
alucinados
que o tempo acabou
CASCATA
Minha angústia
ataca pelas manhãs
cascata
sem data nem lugar
A rima escapa
involuntária
reflete
refrata
a hora insólita
em que não há como saber
o que se deseja.
ataca pelas manhãs
cascata
sem data nem lugar
A rima escapa
involuntária
reflete
refrata
a hora insólita
em que não há como saber
o que se deseja.
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