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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

ARMADILHA

a armadilha de todos os dias
se vê na soleira da casa

os fantasmas que deixei atrás da porta
me saúdam festivos
dizem: - Bom dia!
e circulam serelepes nos líquidos do meu corpo

o fogo que acendi se ausentou
como os vagalumes da noite da infância

os mortos, em cujos funerais eu fui, insistem em flanar por aí

soa o alarme do celular:
quantas mortes serão necessárias
para que os mortos que carrego realizem seu destino?

os fantasmas querem brincar
quando a noite já envelhece

eu quero apenas dormir

29/09/2017

João Lopes Filho

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

CORPO

jorram silêncios
na noite que se avizinha da estação das flores

ondas e ondas se erguem molemente
num só-depois a luzir

amoleço o ímpeto:

é a superfície do espelho d’água que se faz pele
por onde navego em fluxo
no oculto das letras

até a próxima hora em que seus olhos forem meu espelho

01/09/2017
João Lopes Filho