ARMADILHA
a armadilha de todos os dias
se vê na soleira da casa
os fantasmas que deixei atrás da porta
me saúdam festivos
dizem: - Bom dia!
e circulam serelepes nos líquidos do meu corpo
o fogo que acendi se ausentou
como os vagalumes da noite da infância
os mortos, em cujos funerais eu fui, insistem em flanar
por aí
soa o alarme do celular:
quantas mortes serão necessárias
para que os mortos que carrego realizem seu destino?
os fantasmas querem brincar
quando a noite já envelhece
eu quero apenas dormir
29/09/2017
João Lopes Filho