Enquanto a prata colore meus cabelos
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera, volátil
Está escrito nas faces:
O amor é demodée.
26.01.2003
Aqui estão e serão publicados meus poemas. A postagem segue uma ordem aleatória, sem hierarquia temporal ou qualquer outro critério. Os poemas não estão na sua formatação final, cabendo modificações que poderei efetuar a qualquer tempo. *****JOÃO LOPES FILHO*****// (plano de fundo: fotografia cedida por Jackson Cavalcante)
domingo, 25 de janeiro de 2009
sábado, 24 de janeiro de 2009
SUTILEZAS
O tormento das horas
Chega com a tarde
Com o sol a se por
Com a noite entrando pela janela
Na confusa mistura entre noite e dia
A palavra treme
Vem rasgando a garganta
Até converter-se em bálsamo
Que aplaca a sede da alma
A alma plana
A alma anda
A alma arfante
Exulta de alegria e liberdade
Brincando com as correntes
Que insistimos em não ver.
05.05.2004
ABRAÇO
Num único abraço
celebrar a vida.
Abraçar o universo
em lilases,
róseos,
plúmbeos também.
Aspergir música
na garganta do vulcão.
16.l0.97
celebrar a vida.
Abraçar o universo
em lilases,
róseos,
plúmbeos também.
Aspergir música
na garganta do vulcão.
16.l0.97
VERDADE
Corro em direção ao espaço infindo
os pés não marcam o chão
A água cai sobre a cabeça
Enquanto tudo dorme
Enquanto sonho
Enquanto beijo o chão
Quanto tempo há até que tudo se desintegre
E a verdade, algum fragmento,
Seja vislumbrada por nossas cegueiras?
Enfim, andemos!
Mas, quantos sóis passarão ainda?
26.01.2003
os pés não marcam o chão
A água cai sobre a cabeça
Enquanto tudo dorme
Enquanto sonho
Enquanto beijo o chão
Quanto tempo há até que tudo se desintegre
E a verdade, algum fragmento,
Seja vislumbrada por nossas cegueiras?
Enfim, andemos!
Mas, quantos sóis passarão ainda?
26.01.2003
HORIZONTE LOGO ALI
Você dá sinais de que o horizonte é logo ali
Idas e vindas do vento,
Como as nuvens que se ajuntam,
Assim são seus passos.
As entrelinhas revelam
O que sua face confirma.
O horizonte é logo ali
Logo ali
nuvens e vento
Calmaria, perigo, enfim.
Assim a dúvida se instala lentamente.
24.12.2002
ACASO
Na escritura do verso
me devolvo um eu repartido,
recortado.
A fixidez transmuta-se volátil
através da porta escancarada
que suga as fronteiras.
Sem território,
desconhecendo o lugar dos limites,
atenho-me
a míseras aventuras.
O acaso faz seu império.
02.02.98
RUMOR
Mora ao longe um rumor
Que abala a flor
A flor move o mundo
Mora aqui
A flor da vida
Eterno conhecer
Até descobrir o ignorar.
27.07.2005
Que abala a flor
A flor move o mundo
Mora aqui
A flor da vida
Eterno conhecer
Até descobrir o ignorar.
27.07.2005
O LIMO E AS PEDRAS
O limo e as pedras
imóveis na bica
transparecem a aparente imobilidade
causada pela ausência de suor humano
Nada os move,
exceto o vento escasso
nesta tarde invernal.
2002
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
DANÇA DO TEMPO
Estes obscuros objetos de cena
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
NÓ
O corpo transita
trespassado pela inquietação.
pela pergunta
interrogações demais
vazios
pouco tempo
pouco tempo
para respostas.
31.07.1999
trespassado pela inquietação.
pela pergunta
interrogações demais
vazios
pouco tempo
pouco tempo
para respostas.
31.07.1999
SAMBISTAS
Abram suas mentes
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
CONSTATAÇÃO
Passos e passos
nossos rumos iguais
se perdem.
Poses,
vislumbres de luz
em algum ponto incerto
nossos rumos iguais
se perdem.
Poses,
vislumbres de luz
em algum ponto incerto
Ouço vozes
nos gestos das águas
no sorriso das naturezas-mortas
As fotografias
exalam o cheiro
do profundo inacabado
tempo interior.
09.05.1986
nos gestos das águas
no sorriso das naturezas-mortas
As fotografias
exalam o cheiro
do profundo inacabado
tempo interior.
09.05.1986
NOTURNO
na esquina da rua
no cruzamento de vias
eis um gato
que não diz nada
porque não há perguntas.
há luz
que agora vibra
e o gato olha pro céu
talvez lamente
a solidão da noite
as horas andam rápidas...
talvez festeje a liberdade
a suprema atitude
de vagar pelas noites
e amar nos telhados.
05.11.1985
no cruzamento de vias
eis um gato
que não diz nada
porque não há perguntas.
há luz
que agora vibra
e o gato olha pro céu
talvez lamente
a solidão da noite
as horas andam rápidas...
talvez festeje a liberdade
a suprema atitude
de vagar pelas noites
e amar nos telhados.
05.11.1985
NOTÍCIA
Te espero
nunca te vejo
te ouço
por outras bocas
tu vibras
através das cordas vocais
do pássaro que passa.
04.03.85
nunca te vejo
te ouço
por outras bocas
tu vibras
através das cordas vocais
do pássaro que passa.
04.03.85
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
FALSO
Tudo parece falso
entre brilhos e perfumes
a troca de olhares,
os cheiros,
a fumaça,
a música,
a louça.
Tudo parece falso
tão pouco profundo,
uma inflação de gestos inúteis,
uma sucessão de passantes.
Tudo parece falso
Tudo parece nada
Tudo é nada
Tudo falso.
entre brilhos e perfumes
a troca de olhares,
os cheiros,
a fumaça,
a música,
a louça.
Tudo parece falso
tão pouco profundo,
uma inflação de gestos inúteis,
uma sucessão de passantes.
Tudo parece falso
Tudo parece nada
Tudo é nada
Tudo falso.
PASSOS
ensaio passos
que não dou
no tempo estabelecido
depois aprendo
que não há tempo
que não dou
no tempo estabelecido
depois aprendo
que não há tempo
nem espaço
então, disfarço
e me desfaço.
16.04.1994
então, disfarço
e me desfaço.
16.04.1994
ACONTECIMENTO
De repente
murcham as flores
e saímos loucos pelas ruas
em busca
do elo perdido
perdidos
na fumaça.
murcham as flores
e saímos loucos pelas ruas
em busca
do elo perdido
perdidos
na fumaça.
MÁGICAS
A ereção
a íris sã
e o bolero de Satã.
Mágicas que faço
no espelho
só para ensaiar
as nossas horas vãs.
24.01.1987
a íris sã
e o bolero de Satã.
Mágicas que faço
no espelho
só para ensaiar
as nossas horas vãs.
24.01.1987
ACORDAR
Lúcido alvorecer
De um novo dia
Quando o remo foge
A lua esconde-se
E o mar ao longe
Desconecta as profundezas abissais da mente.
2002
De um novo dia
Quando o remo foge
A lua esconde-se
E o mar ao longe
Desconecta as profundezas abissais da mente.
2002
O TEMPO DANÇA
Estes obscuros objetos de cena
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
BAGAGEM
Cada dia
diferente há de ser
Mesmo que tudo se repita
na bagagem que carregamos
na bagagem que esquecemos.
23.12.1984
diferente há de ser
Mesmo que tudo se repita
na bagagem que carregamos
na bagagem que esquecemos.
23.12.1984
ELETRODOMÉSTICO
Brota uma palavra
Nua
Qualquer
Quase tudo
Quase nada
A onda tenebrosa
Dissipou-se
Enquanto nos alegramos
Com as fantasias
Da máquina de inércia
Que nos filtra um mundo
Que nos tira os mundos
Que constrói o nosso mundo.
27.07.2006
Nua
Qualquer
Quase tudo
Quase nada
A onda tenebrosa
Dissipou-se
Enquanto nos alegramos
Com as fantasias
Da máquina de inércia
Que nos filtra um mundo
Que nos tira os mundos
Que constrói o nosso mundo.
27.07.2006
domingo, 18 de janeiro de 2009
INTRODUÇÃO
(...) certamente o homem
está fora de órbita
ou em órbita
em torno de si mesmo
apenas...
09/12/86
BRUMAS
Brumas
O pensamento atordoado
Cipoais de ilusões
Sinto, o medo vem à tona
Falta
Das teorias que explicam tudo
Da explicação cabal do mundo.
COTIDIANO II
Tanta fúria
se é preciso
só prazer.
Tanto grito
se é mesmo
só amar.
Assim vivemos
e morremos
diariamente.
22.07.1984
se é preciso
só prazer.
Tanto grito
se é mesmo
só amar.
Assim vivemos
e morremos
diariamente.
22.07.1984
AS FLORES AMARELAS
as flores amarelas que cristina trouxe
iluminaram o meu coração
as meninas e os meninos, com suas palmas
curaram dores e mágoas
flores
cores
o amarelo, o amarelo, o amarelo
o amarelo das flores
as flores amarelas de cristina
lavaram a minha alma
outras almas foram lavadas junto
a alma das flores fez minhas pernas perderem o prumo
o coração disparou
com as flores de cristina
amarelas como o sol
flores amarelas dos leoninos
flores para joão, o menino
meninos e meninas numa apoteose de sons
das palmas das mãos num choque ritmado
lavaram minha alma
rito de passagem
ritual coletivo, tribal
para exorcizar dores e mágoas
afirmando cores, nuances, idéias, crenças
cristina, a menina que trouxe consigo
as outras meninas e os meninos
cristina e o mel das palavras
lançando as asas que continuarão comigo
viva cristina,
viva os meninos e as meninas
e assim sigo vivendo
confirmando os caminhos, os propósitos
na ressaca da emoção
cristina, as meninas e os meninos de pé
pela educação
que merece carinho e cuidado
viva Cristina
viva as meninas
viva os meninos.
02.02.2007
iluminaram o meu coração
as meninas e os meninos, com suas palmas
curaram dores e mágoas
flores
cores
o amarelo, o amarelo, o amarelo
o amarelo das flores
as flores amarelas de cristina
lavaram a minha alma
outras almas foram lavadas junto
a alma das flores fez minhas pernas perderem o prumo
o coração disparou
com as flores de cristina
amarelas como o sol
flores amarelas dos leoninos
flores para joão, o menino
meninos e meninas numa apoteose de sons
das palmas das mãos num choque ritmado
lavaram minha alma
rito de passagem
ritual coletivo, tribal
para exorcizar dores e mágoas
afirmando cores, nuances, idéias, crenças
cristina, a menina que trouxe consigo
as outras meninas e os meninos
cristina e o mel das palavras
lançando as asas que continuarão comigo
viva cristina,
viva os meninos e as meninas
e assim sigo vivendo
confirmando os caminhos, os propósitos
na ressaca da emoção
cristina, as meninas e os meninos de pé
pela educação
que merece carinho e cuidado
viva Cristina
viva as meninas
viva os meninos.
02.02.2007
AÉREO
Sinto a vertigem do trânsito dos carros
E dos pensamentos
Reviravoltas, ondas, marés
Uma moda nos bafeja
Outra moda acena do horizonte
O universo dos carros causa vertigem
O pensamento
a sucessão de pensamentos
Um universo à parte
Carros,
Pensamentos,
Movimentos paralelos,
E o mundo continua inexplicável.
23.08.2007
E dos pensamentos
Reviravoltas, ondas, marés
Uma moda nos bafeja
Outra moda acena do horizonte
O universo dos carros causa vertigem
O pensamento
a sucessão de pensamentos
Um universo à parte
Carros,
Pensamentos,
Movimentos paralelos,
E o mundo continua inexplicável.
23.08.2007
A POEIRA DAS ESTRELAS
A poeira das estrelas
Ai de nós!
impulsiona um destino
Que não sabemos a causa
Nem o depois
O destino tece
Nos tece
Elastece
E prolonga o drama da existência.
25.02.2007
Ai de nós!
impulsiona um destino
Que não sabemos a causa
Nem o depois
O destino tece
Nos tece
Elastece
E prolonga o drama da existência.
25.02.2007
DESEJO
Avanço na rede
À espera de ser fisgado
Nestes dias quentes
na rede me lanço inutilmente
toque
tique
truque
a lembrança daquilo que não é memória
inscreve-se na minha pele
as músicas epidêmicas que inundam o ar
beijam-me no calor deste dia tórrido
nestes trópicos nordestinos
um pouco aquém do mar
mas quase lá
antes que o coração dispare a voar.
26.01.2003
À espera de ser fisgado
Nestes dias quentes
na rede me lanço inutilmente
toque
tique
truque
a lembrança daquilo que não é memória
inscreve-se na minha pele
as músicas epidêmicas que inundam o ar
beijam-me no calor deste dia tórrido
nestes trópicos nordestinos
um pouco aquém do mar
mas quase lá
antes que o coração dispare a voar.
26.01.2003
ABALO
A fala abala
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
FACA
A faca
farsa
Faça a diferença emergir
no limbo das explanações
no evaporar das máscaras.
farsa
Faça a diferença emergir
no limbo das explanações
no evaporar das máscaras.
Adelante!
04.05.97
04.05.97
sábado, 17 de janeiro de 2009
PALAVRAS
Persigo a palavra
da qual não me liberto-
ela que não se deixa enclausurar.
Daqui por diante
quero apenas palavras!
Quero dobrá-las,
contorcê-las,
fazê-las significarem.
Atarei as palavras aos objetos.
O concreto,
o ideal,
a emersão do eu unificado dar-se-á.
Que doce exercício inútil
só comparável à poesia.
Perseguem-me as palavras,
quando penso que as possuo.
09.03.97.
TEMPO
Corro em direção ao espaço infindo
os pés não marcam o chão
A água cai sobre a cabeça
Enquanto tudo dorme
Enquanto sonho
Enquanto beijo o chão
Quanto tempo há até que tudo se desintegre
E a verdade, algum fragmento,
Seja vislumbrada por nossas cegueiras?
Enfim, andemos!
Mas, quantos sóis passarão ainda?
26.01.2003
SAMBISTAS
Abram suas mentes
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
Que um samba doido vai passar
Abram os olhos
Deixem o movimento
Entrar nas suas almas
São as máquinas
Todas lotadas de sensações
Ensinando os homens
A cantar, dançar, rimar
Como nunca se viu
Máquinas na pista
Homens dançando
Porque as máquinas é que trabalham
Agora a vida é festa, desejo, paixão
Máquinas e homens em comunhão
É samba.
31.07.2004
O MENINO E O CACHORRO
Através da janela filtro o mundo
O menino e o cachorro seguem sua rotina
O cachorro caminha soberano
Marca território na rua alheia
Pára
Cheira
Mija
O menino atende todos os caprichos do cachorro
O menino parece em paz
O cachorro sente-se livre
Qual a liberdade que é permitida ao cachorro?
Será livre o menino?
Seguem o menino e o cachorro numa união feliz
O menino é paciente
Menino e cachorro seguem sua rotina feliz
Alheios ao mundo na rua alheia.
31/09/2007
O menino e o cachorro seguem sua rotina
O cachorro caminha soberano
Marca território na rua alheia
Pára
Cheira
Mija
O menino atende todos os caprichos do cachorro
O menino parece em paz
O cachorro sente-se livre
Qual a liberdade que é permitida ao cachorro?
Será livre o menino?
Seguem o menino e o cachorro numa união feliz
O menino é paciente
Menino e cachorro seguem sua rotina feliz
Alheios ao mundo na rua alheia.
31/09/2007
PÁSSARO
O fôlego me falta
Ante a avidez das palavras;
Elas me inoculam veneno,
Revolvem as minhas vísceras.
A falta não são palavras:
A gramática subjuga-se:
A pontuação vira louca furiosa.
Cada passo não passa de um passo
Pássaro que sou.
11.06.1998
Ante a avidez das palavras;
Elas me inoculam veneno,
Revolvem as minhas vísceras.
A falta não são palavras:
A gramática subjuga-se:
A pontuação vira louca furiosa.
Cada passo não passa de um passo
Pássaro que sou.
11.06.1998
SEM TÍTULO II
Nada
O tormento das horas
Chega com a tarde
Com o sol a se por
Com a noite entrando pela janela
Na confusa mistura entre noite e dia
A palavra treme
Vem rasgando a garganta
Até converter-se em bálsamo
Que aplaca a sede da alma
A alma plana
A alma anda
A alma arfante
Exulta de alegria e liberdade
Brincando com as correntes
Que insistimos em não ver.
05.05.2004
O tormento das horas
Chega com a tarde
Com o sol a se por
Com a noite entrando pela janela
Na confusa mistura entre noite e dia
A palavra treme
Vem rasgando a garganta
Até converter-se em bálsamo
Que aplaca a sede da alma
A alma plana
A alma anda
A alma arfante
Exulta de alegria e liberdade
Brincando com as correntes
Que insistimos em não ver.
05.05.2004
FANTASMAS
Levo os fantasmas ambulantes
Onde quer que vá
Energias remotas
Inerciais
Abrangem o tempo
Sem medida do estar
Histórias atávicas lançam-se no vento
Bafejando meu sono
A luz que vejo através dos buracos na parede
Vem domesticada
Sob medida
Geométrica.
JANELA
Forças cegas,
Impalpáveis,
Barram o espírito de vida,
a pulsão erótica.
Através da janela,
algo distante do tempo
é evocado.
Através da janela,
descortina-se uma fala
constrangida
em confessar.
Através da janela
o existir destroça-se
num suicídio diário,
entorpecido pela aurora.
Através da janela,
olhando a paisagem,
tudo parece igual
e não é.
Através da janela
o nada não aparece,
apenas o vazio de quem olha.
25.01.97.
Impalpáveis,
Barram o espírito de vida,
a pulsão erótica.
Através da janela,
algo distante do tempo
é evocado.
Através da janela,
descortina-se uma fala
constrangida
em confessar.
Através da janela
o existir destroça-se
num suicídio diário,
entorpecido pela aurora.
Através da janela,
olhando a paisagem,
tudo parece igual
e não é.
Através da janela
o nada não aparece,
apenas o vazio de quem olha.
25.01.97.
ENGRENAGEM
Tanta aridez
Que já nem prestamos atenção
Às horas.
Tomamos milhões de Coca-cola
Para fazer o mundo se reproduzir.
A engrenagem assoberba tudo.
E eu nem tenho tempo de molhar as plantas.
09.08.97
Que já nem prestamos atenção
Às horas.
Tomamos milhões de Coca-cola
Para fazer o mundo se reproduzir.
A engrenagem assoberba tudo.
E eu nem tenho tempo de molhar as plantas.
09.08.97
EMERSÃO
Levantem as armas
Cuspam a fúria
Arremessem torrentes de lavas incandecentes
Sobre a cidade hipócrita,
Sobre o consenso artificial.
Os copos vão tremeluzir,
O fogo desenhará esculturas,
Os eus virtualizados farão acrobacias.
E então, não soarão cânticos entoados
Com o claro desejo de desafinar?
não existirão cristos nestas pedras.
tudo se dissolverá
Os animais tomaram os corpos dóceis,
A fúria deletou as estátuas
Todos os pretéritos,
Todos os presentes,
Todos os futuros
Tudo em torrentes
Tudo agora.
Enquanto uma lágrima corre sutil
Entre a alegria e a dor.
30.05.98
Cuspam a fúria
Arremessem torrentes de lavas incandecentes
Sobre a cidade hipócrita,
Sobre o consenso artificial.
Os copos vão tremeluzir,
O fogo desenhará esculturas,
Os eus virtualizados farão acrobacias.
E então, não soarão cânticos entoados
Com o claro desejo de desafinar?
não existirão cristos nestas pedras.
tudo se dissolverá
Os animais tomaram os corpos dóceis,
A fúria deletou as estátuas
Todos os pretéritos,
Todos os presentes,
Todos os futuros
Tudo em torrentes
Tudo agora.
Enquanto uma lágrima corre sutil
Entre a alegria e a dor.
30.05.98
DANÇA
dança das palavras
síntese
signos proliferam
no horizonte e em todo lugar,
todo corpo
na eventualidade dos passos.
Ella Fitzgerald na dança dos fonemas
ela nos dança
enquanto as palavras nos enlaçam
cores
texto
fugacidade veloz
gritos
sussurros
sombras do existir
à tona na intuição das horas
a reverberar interrogações.
31.05.2003
síntese
signos proliferam
no horizonte e em todo lugar,
todo corpo
na eventualidade dos passos.
Ella Fitzgerald na dança dos fonemas
ela nos dança
enquanto as palavras nos enlaçam
cores
texto
fugacidade veloz
gritos
sussurros
sombras do existir
à tona na intuição das horas
a reverberar interrogações.
31.05.2003
ASAS
Antes que me tornasse o que não sou
Criei asas
Antes que morresse a poesia
Criei asas
Antes que falta de imaginação imperasse
Criei asas
Antes que o rio secasse
Criei asas
Antes que o amor virasse um contrato
Criei asas
Antes que o riso cessasse
Criei asas
Criei asas
Antes que morresse a poesia
Criei asas
Antes que falta de imaginação imperasse
Criei asas
Antes que o rio secasse
Criei asas
Antes que o amor virasse um contrato
Criei asas
Antes que o riso cessasse
Criei asas
Antes que o mundo se torne impossível
Criemos asas
Voemos
Vamos fermentar a imaginação.
03/02/2007
FROGODÔ
Para Lozinha
frogodô é festa
alegria
pulsação
bebida, comida, amor
filigranas do existir
frogodô é beijo
carinho, atenção
dona ló falou que aqui vai ter um frogodô
porque a dor é momento
a vida é mais
a vida é celebrar a vida
frogodô
dona ló faz a festa da vida
porque frogodô é leveza
compreensão, tolerância
frogodô é festa boa
festa dos bons
festa do coração.
Mimo, presente
Carinho
Carícia
Música
Dança
Animação
Sentidos, olhares, roupas
Movimento, movimentação
Frogodô é união
Fofoca, contemplação
Carne e espírito sem separação.
15.05.2007
frogodô é festa
alegria
pulsação
bebida, comida, amor
filigranas do existir
frogodô é beijo
carinho, atenção
dona ló falou que aqui vai ter um frogodô
porque a dor é momento
a vida é mais
a vida é celebrar a vida
frogodô
dona ló faz a festa da vida
porque frogodô é leveza
compreensão, tolerância
frogodô é festa boa
festa dos bons
festa do coração.
Mimo, presente
Carinho
Carícia
Música
Dança
Animação
Sentidos, olhares, roupas
Movimento, movimentação
Frogodô é união
Fofoca, contemplação
Carne e espírito sem separação.
15.05.2007
MEMÓRIA
A memória
Inescrupulosa que é
Faz emergir um corpo
A imagem da pessoa que ri sem motivo
Enigma
Fantasias em ebulição
Pequenos clarões na selva da cidade.
14.05.2006
Inescrupulosa que é
Faz emergir um corpo
A imagem da pessoa que ri sem motivo
Enigma
Fantasias em ebulição
Pequenos clarões na selva da cidade.
14.05.2006
QUAISQUER
as redes atravessam meu corpo
as redes fazem-me peixe
as redes prendem o meu cérebro
as redes enlatam meu prazer
as redes bifurcam a existência
as redes arregimentam a sede
e as cores
e as cores
e as cores
flores mortas e vulcânicas
flores cores redes
vivo em 1998
e morro em qualquer ano
desmandos da imagem
desanda a imaginação
dez águas contaminadas arrastam
deixe estes grafitis exibindo-se nos muros
deixe estes grafitis colados na sua alma
deixe estes grafitis como mensagens para qualquer
fazer qualquer
quaisquer que sejam as cores com as quais você me seduz.
30.05.98
as redes fazem-me peixe
as redes prendem o meu cérebro
as redes enlatam meu prazer
as redes bifurcam a existência
as redes arregimentam a sede
e as cores
e as cores
e as cores
flores mortas e vulcânicas
flores cores redes
vivo em 1998
e morro em qualquer ano
desmandos da imagem
desanda a imaginação
dez águas contaminadas arrastam
deixe estes grafitis exibindo-se nos muros
deixe estes grafitis colados na sua alma
deixe estes grafitis como mensagens para qualquer
fazer qualquer
quaisquer que sejam as cores com as quais você me seduz.
30.05.98
O MUNDO
De repente,
o tempo perde o relógio.
Libertado das engrenagens,
Virtualiza tudo ao redor.
Um anjo anuncia a obviedade:
O mundo acabou!
Interrogo:
Por acaso, existiu alguma vez
O mundo?
10.08.96
o tempo perde o relógio.
Libertado das engrenagens,
Virtualiza tudo ao redor.
Um anjo anuncia a obviedade:
O mundo acabou!
Interrogo:
Por acaso, existiu alguma vez
O mundo?
10.08.96
FLUIDEZ
Na escritura do verso
me devolvo um eu repartido,
recortado.
A fixidez se liquidifica
através da porta escancarada
que suga as fronteiras.
Sem território,
ignoro o lugar dos limites,
me atenho a míseras aventuras.
O acaso agora faz seu império.
02.02.98
me devolvo um eu repartido,
recortado.
A fixidez se liquidifica
através da porta escancarada
que suga as fronteiras.
Sem território,
ignoro o lugar dos limites,
me atenho a míseras aventuras.
O acaso agora faz seu império.
02.02.98
MOVIMENTO
Enquanto a prata colore meus cabelos
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera volátil
O romantismo esmaece.
26.01.2003
A fissura da alma atravessa a rua
A criança explode, eclode, voa
Enquanto a rima, por acaso, soa
Andam estrelas
Voam pedras
Sambam amores
Nestas ruas lavadas de suor
As máquinas rangem,
As máquinas nos acham estranhos
O coração acelera volátil
O romantismo esmaece.
26.01.2003
HELICÓPTEROS
Helicópteros vagueiam na brancura do dia,
As aves caçam seu lanche entre os dejetos.
Um risco no ar anuncia
Uma palavra que nunca foi dita,
Uma palavra que farfalha.
Helicópteros.
O equilíbrio que nunca houve
Nos fala,
Nos falta.
As aves caçam seu lanche entre os dejetos.
Um risco no ar anuncia
Uma palavra que nunca foi dita,
Uma palavra que farfalha.
Helicópteros.
O equilíbrio que nunca houve
Nos fala,
Nos falta.
30.01.98
ESTRELAS
Interroguei as estrelas,
Mas quando abri os olhos
Já não havia mais estrelas.
Estrelas são lembranças,
Marcas da fugacidade
Do existir das estrelas
estrelas são objetos pretéritos,
transitoriedade luminosa,
Uma explosão
A nos iludir.
29.05.97.
Mas quando abri os olhos
Já não havia mais estrelas.
Estrelas são lembranças,
Marcas da fugacidade
Do existir das estrelas
estrelas são objetos pretéritos,
transitoriedade luminosa,
Uma explosão
A nos iludir.
29.05.97.
OBSCUROS OBJETOS
Estes obscuros objetos de cena
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
Acompanham os passos
Do tempo que avança
Dança, senhor, dança
Passeia pelos espaços
Voa
Surdo senhor
Tempo que assovia
Atrás do vento
Que rima com a morte
Que geme com os bichos
Que pesa mesmo leve
Que se insinua
Que grita
Que fala
Que escala a cama
Que exaure a alma
Que canta
Canta senhor das tréguas
Dormita sorrateiro
Feito de dança e movimento
Volteia nesses obscuros objetos
Que acenam com o olhar
Golpeia, tempo
A carne carcomida
A pele alva e o ar.
05.05.2004
ABALO
A fala abala
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
A rala cadência
Dos insensatos.
Os atos
Os restos do papel
Cedem à tinta
A chuva
congela no ar.
11.05.97
DIVÃ
Minha alma plana
sobre as superfícies lisas
sem palavras marcadas pelas ausências.
Minha alma plana
cheia de faltas
botões desligados
indo no vácuo.
A alma palma da mão
inscreve-se no futuro
a demandar expectativas.
Mensagens cifradas
vagando sobre um sofá
a ganhar sentido.
No entanto,
minha alma navega.
11.10.1997
sobre as superfícies lisas
sem palavras marcadas pelas ausências.
Minha alma plana
cheia de faltas
botões desligados
indo no vácuo.
A alma palma da mão
inscreve-se no futuro
a demandar expectativas.
Mensagens cifradas
vagando sobre um sofá
a ganhar sentido.
No entanto,
minha alma navega.
11.10.1997
DISSOLUÇÃO
Relógios não me faltam
Mas o tempo enloquece
Chuva ou faz sol
Relógios anunciam
alucinados
que o tempo acabou
Mas o tempo enloquece
Chuva ou faz sol
Relógios anunciam
alucinados
que o tempo acabou
CASCATA
Minha angústia
ataca pelas manhãs
cascata
sem data nem lugar
A rima escapa
involuntária
reflete
refrata
a hora insólita
em que não há como saber
o que se deseja.
ataca pelas manhãs
cascata
sem data nem lugar
A rima escapa
involuntária
reflete
refrata
a hora insólita
em que não há como saber
o que se deseja.
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