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quinta-feira, 18 de maio de 2017

QUIMERA

dos devaneios
o insone deslumbre dos restos diurnos

se sobrepõe a vigília
a contemplar a planície
onde as miragens vão se esmaecendo

ouço as vozes que interrogam o vazio
o arrastar da marcha das multidões
como eco do futuro

agora hibernam no sono letárgico
no rivotril das imagens das telas lacunares
a avalanche noticiosa nubla o sentir
detém a marcha

enquanto os mortos seguem seus destinos
aqueço o coração nos moinhos de vento

João Lopes Filho

18/05/2017
SUSPENSÃO

onde baila a inocência?

na epiderme dos sonos
na noite interminável
nos transfinitos números
numa nesga de tempo

se número
se letra
soletra um raio
que se refaz

baila o que não se sabe de si

João Lopes Filho
2017

 



PEDRAS

aqueles monstros
de súbito me afligem
no sonho

puseram seus pés de ferro
pra ir a um lugar distante
uma viagem

tão pedras
e eu tão sísifo
até outra pedra surgir

João Lopes Filho


quinta-feira, 11 de maio de 2017

ESTALO

olha o horizonte:
o céu vermelho chinês
é uma fera fumegante

a espera já não se contém
se perde no mapa feito a nanquim

põe em jogo o maquinário
para vedar a fúria
antes que o céu queime

é o desejo
flor trêmula
quando toma ares de larva incandescente

11/05/2017

João Lopes Filho