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quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ESPERA


de todos os beijos
o seu
apaga os outros


de todos os beijos
o seu
dispara o enigma

de todos os beijos
o seu
exige pulsação

de todos os beijos
o seu
afeta a memória

de todos os beijos
o seu
fica aqui germinando

de todos os beijos
o seu
aguarda em mim o seu chamado.

21.10.2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

FAÍSCAS


essa sede de viver tudo
tudo tocar
qualquer coisa sentir
amar muito e sempre


essa ânsia de mais
de provar tudo
de ter todos os prazeres
essa inflação de expectativas
todo o futuro nas mãos:


isso produz faíscas

16.10.2009

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

FRICÇÃO


estou a um passo do abismo
beira
fronteira
nos liames do que sentimos

desejo desvendar o seu desejo
que não decifro ainda



busca inesgotável
que não se conclui em mim
que não começa em você

silêncio na cidade
cá dentro um barulho
busca do abismo da beira



ainda decifro seus silêncios
suas ausências
sua presença cintilante
sua pele



ainda saberei de mim.


12.10.2009

domingo, 11 de outubro de 2009

LEVEZA

Você chega assim delicadamente
Gestos lânguidos
Sorriso largo com os olhos apertados
Tudo leveza
Saudando um novo dia

Não há jeito,
Tento adivinhar seus pensamentos
Nos seus silêncios ponho palavras

Deixa o seu perfume
E uma montanha de paz
Mesmo que haja algo de tristeza em seu olhar

Há no seu olhar uma procura
Um desejo
Meu desejo se alimenta e se ergue
Mansamente

Começo o dia com sua visita
Com seus sons suaves
Com sua voz suave
Com seu anel
Com sua pulseira de tornozelo
Com sua tatuagem
Com seus passos leves
Pura beleza, tentação

O poema sai assim tão sensual
Tão casual.
As horas ficam mais leves com você
O poema sai leve pra você

06.10.2009
O QUE A NOITE TRAZ

Os sons da noite se fazem audíveis
A marca do relógio
O tempo da saudade de quem desconheço
Os poemas de Arnaldo Antunes
As máquinas com seus silvos repetitivos
Tudo insiste em ocupar pedaços da noite

Os sons da noite se fazem audíveis

Os relógios registram o tempo
Os relógios não marcam as marcas
Os relógios anunciam uma metáfora de existir
Os relógios interrompem o fluxo da vida
Os relógios repetem a ficção

Esta noite traz um vento desorientado
O poeta está perdido na miragem dos pontos de luz
As estrelas parecem estar no chão
A cidade vai silenciando o dia
A noite assoma plena
Quando os relógios fixam a hora de dormir
Saudade de mim
Saudade de ninguém
Saudade do futuro
Eu aguardo que eu durma e acorde
Eu me divido
Eu sonho
Eu contemplo a cidade
Parece que as estrelas estão no chão.

01.10.2009

PÉTALAS

As pétalas foram espalhadas na varanda
Um imenso vazio se apodera
De tudo ao redor

Quem dera as palavras pudessem ganhar vida
Quem dera
Quem dera gritar alto sem incomodar os vizinhos
Quem dera
Quem dera que as pétalas ressuscitassem flores
Acordassem flores
Quem dera alguém entrasse aqui com flores

Quem dera
Domar a fera
Ferir as dores

A cidade está em festa e luzes
Olho tudo com distância
As pétalas esperam pelos primeiros raios de sol
Outra vez acordar
Ânimo na sucessão das horas modorrentas
Enquanto as pétalas aguardam seu destino.

01.10.2009
TRISTE

Para Fátima Berenice

Quem disse que o poema não pode ser triste?
Quem disse
Quem disse que o poeta é triste?
Quem disse

O poema resiste
Triste
O poema existe
Em riste
O poema insiste
Triste

Quem disse que o poema é triste?
Quem disse
Quem disse que o poeta não pode ser triste?
Quem disse

Fátima, o poeta insiste
No poema triste
Porque o vazio insiste
Em riste, a dor persiste
A rima rima
Mas é triste.

01.10.2009