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segunda-feira, 26 de junho de 2017

ESPELHO

a tempestade lhe revolve por inteiro
as explicações se estilhaçam
como meros enfeites de papel
o rio fluxa oposto a si

na contracorrente das urgências
as cores e temporais lhe golpeiam
como ondas gigantes

segue em fluxo luminoso
hóspede do acaso
na sedução das imagens

desanda nas águas
se vê no espelho das águas
nelas imerge
e canta como num último suspiro

a língua afiada no esmeril do devir
lambe as labaredas
como se o hoje fosse tudo que detém nas mãos

João Lopes Filho
26/06/2017

quinta-feira, 8 de junho de 2017

CÂNTAROS

eram cântaros
nem sabia
foi o ressoar da palavra
na estação das chuvas

nos recônditos onde nada se escondia
diante dela que via tudo: cântaros
uma mãe gigante:
comeeira, telha, teto e luz

Chove a cântaros!

a professora anunciou:
oração sem sujeito
verniz do  mundo que se esboçava
naquele passo onde as goteiras eram lúdicas

as feras imaginárias
não frequentavam os dias nublados
apenas o célere compasso das formigas
na sua ordem imutável
e coisas assim como barquinhos de papel

a mãe, lança em riste,
guerreava com o mundo
o mundo era tudo menos entorno

Chovia a cântaros!

João Lopes Filho
08/06/2017