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segunda-feira, 16 de julho de 2018


ASAS

ganhei asas
nos infinitos sem flâmulas

o jazz arrebenta, castiga, traduz, induz
enquanto as últimas palavras queimam a pele úmida

a medida dos quilômetros
expressa a estrada
ignora o tempo

estrelas tão pretéritas
trafegam acolá
transbordam o pensamento

é tudo que escapa
enlaça
nos lança na imensidão

assim, seu existir tornou-se música
e me desperta todas as manhãs

16/07/2018
João Lopes Filho


COREOGRAFIA

afora o zumbido daqueles insetos malditos
os pés andaram serelepes
retinas guiadas por sorrisos
que desenhei sem rascunho

nada de geografia
nem copo, corpo ou delito
apenas pérolas translúcidas
incandescências
lembranças de âmbar

na crepitação do tempo
se inscreveram uns versos
no amanhecer

João Lopes Filho