Seguidores

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

LABAREDA

carrego ainda os andrajos do que fui
da flor que não fluía

esbarro no tempo onde pétala a pétala
o corpo se reconstrói,
até não se reconhecer mais flor

corro até esmorecer
até a linha que não se ultrapassa
desenhada com as chaves da minha gaiola

a cada golpe dos pés sulcando o asfalto
fica um resíduo do que nunca fui:
as facas que me feriam
as lágrimas que mourejavam como pedras
os assombros

a matemática não mais inspira o relógio
o fogo-fátuo fez-se fogos de artifício
com outras invenções no agora das passadas

ergueu-se assim
outra língua feita de ímpeto, ardor e graça

21/08/2017

João Lopes Filho

Nenhum comentário:

Postar um comentário